A Associação Expedicionários da Saúde nasceu em 2003 pelas mãos de um grupo de médicos voluntários interessados em promover atendimento médico especializado, principalmente cirúrgico, às populações geograficamente isoladas na região amazônica, com especial atenção à população indígena.
Para operacionalizar esse modelo, a organização desenvolveu, ao longo desses sete anos de atuação, um verdadeiro hospital móvel, responsável por mais de três mil cirurgias e 18 mil atendimentos já feitos. São, ao todo, oito mil toneladas de equipamentos que viajam, a cada expedição, de Campinas, no interior de São Paulo, à Amazônia.
E assim, três tendas cirúrgicas e outras três (para pequenas intervenções e atendimentos nas especialidades de oftalmologia, ginecologia e odontologia) são montadas. O centro cirúrgico possui equipamento de última geração, forração térmica, ar-condicionado e geradores próprios. Há ainda a realização de diagnósticos especiais e encaminhamento de casos - que a equipe não esteja preparada a intervir - para centros urbanos.
Trata-se de um serviço complementar aos programas existentes de atendimento à saúde indígena e tenta evitar deslocamentos, muitas vezes custosos e traumáticos, do doente e família a centros urbanos.
A opção por priorizar o atendimento a essa população se deve ao fato de que temos hoje, no Brasil, cerca de 220 povos indígenas, o que significa cerca de 370 mil pessoas, que falam mais de 180 dialetos e se encontram isoladas geograficamente. Cerca de 60% dessa população vive na Amazônia Legal. Estão lá 608 terras indígenas oficialmente demarcadas, reconhecidas ou identificadas. Em outras palavras: cerca de 21% da Amazônia são terras indígenas, uma área equivalente a todo o território boliviano.
A despeito destes números impressionantes e de sua relevância em termos humanos e ambientais, as terras indígenas e seus habitantes contam com recursos desproporcionalmente pequenos para o patrimônio público que representam.